"Se" o PSDB que FHC apresenta é o mais organizado da oposição do nosso país, estamos em apuros!.
Com todo o respeito ao ex-presidente, há momentos na vida em que se manter em silêncio é melhor e menos prejudicial.
Lamentavel!
~*~
~*~
A
Folha publica nesta segunda uma entrevista concedida pelo ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso a Fernando Rodrigues.
Folha/UOL
– A crise econômico-financeira internacional colocou na defensiva as
ideias liberais. Essa onda muda a abordagem de partidos como o PSDB?
Fernando Henrique Cardoso - Os que estão no governo passaram a ter uma espécie de perdão para utilizar recursos públicos para reativar a economia.
O PSDB nunca foi um partido que tivesse muito amor pelo mercado. Como todos os partidos brasileiros, as pessoas gostam mesmo é de governo, é de Estado. Isso desde Portugal, da Península Ibérica. O grande ator, querido, é o governo.
Estamos de volta a “Os Donos do Poder”, de Raymundo Faoro, e a “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda. O “amor” dos brasileiros pelo estado teria sido herdado. É inegável, mas incompleto. Acho que FHC deveria ter sido mais explícito, deixando claro que os tucanos nunca foram (e aqui digo eu: infelizmente!) liberais. Nem ele próprio. A privatização de algumas estatais nunca significou opção pelo neoliberalismo. O ex-presidente perdeu a chance de apontar a grande fraude intelectual petista. Cumpria destacar ainda as privatizações recentemente feitas por Dilma, não é? São diferentes daquelas do passado num única aspecto: o improviso.
(…)
O PSDB nasceu de centro-esquerda. Em eleições recentes, abordou temas morais e religiosos. Deslocou-se para a centro-direita. Por quê?
Por engano eleitoral. Esses temas são delicados. Acho que você tem que manter a convicção. Você pode ganhar, pode perder. Em termos de comportamento e de valores morais, o PSDB tem que se manter progressista. Quando não se mantém, não tem o meu apoio. Eu não vou nessa direção.
Há vários equívocos aí, a começar da pergunta. Se eu pedir a Fernando Rodrigues que aponte uma só peça de propaganda eleitoral do PSDB que toque nos tais problemas morais e religiosos, ele não conseguirá apontar. Não existe. Em 2010 e neste 2012, quem primeiro se ocupou dessas questões, e de maneira preventiva, foi o PT. Isso é apenas um fato. A tática é quase infantil, mas dá certo, como se nota.
FHC endossa a inverdade e segue adiante com esta formulação que dá pano pra manga: “Em termos de comportamento e de valores morais, o PSDB tem que se manter progressista”. É mesmo? E em que o partido poderia ser, sei lá, “conservador”? Em economia?
O ex-presidente não se dá conta de que tenta a quadratura do círculo – ele e os tucanos todos. Foi Dilma quem primeiro levou a questão do aborto para a disputa em 2010. Foi Fernando Haddad quem primeiro levou a questão do kit gay para a eleição neste 2012. O ERRO DO PSDB, NOS DOIS CASOS, FOI TER FUGIDO DO DEBATE.
Questões chamadas nesta entrevista de “morais e religiosas” são tema de disputa eleitoral em todo o mundo democrático – ou será que minto, presidente? E jamais ocorreria a alguém tentar deslegitimá-las. Uma das perdições dos tucanos está, justamente, em tentar fazer um campeonato de “progressismo” com o PT.
Fernando Henrique Cardoso - Os que estão no governo passaram a ter uma espécie de perdão para utilizar recursos públicos para reativar a economia.
O PSDB nunca foi um partido que tivesse muito amor pelo mercado. Como todos os partidos brasileiros, as pessoas gostam mesmo é de governo, é de Estado. Isso desde Portugal, da Península Ibérica. O grande ator, querido, é o governo.
Estamos de volta a “Os Donos do Poder”, de Raymundo Faoro, e a “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda. O “amor” dos brasileiros pelo estado teria sido herdado. É inegável, mas incompleto. Acho que FHC deveria ter sido mais explícito, deixando claro que os tucanos nunca foram (e aqui digo eu: infelizmente!) liberais. Nem ele próprio. A privatização de algumas estatais nunca significou opção pelo neoliberalismo. O ex-presidente perdeu a chance de apontar a grande fraude intelectual petista. Cumpria destacar ainda as privatizações recentemente feitas por Dilma, não é? São diferentes daquelas do passado num única aspecto: o improviso.
(…)
O PSDB nasceu de centro-esquerda. Em eleições recentes, abordou temas morais e religiosos. Deslocou-se para a centro-direita. Por quê?
Por engano eleitoral. Esses temas são delicados. Acho que você tem que manter a convicção. Você pode ganhar, pode perder. Em termos de comportamento e de valores morais, o PSDB tem que se manter progressista. Quando não se mantém, não tem o meu apoio. Eu não vou nessa direção.
Há vários equívocos aí, a começar da pergunta. Se eu pedir a Fernando Rodrigues que aponte uma só peça de propaganda eleitoral do PSDB que toque nos tais problemas morais e religiosos, ele não conseguirá apontar. Não existe. Em 2010 e neste 2012, quem primeiro se ocupou dessas questões, e de maneira preventiva, foi o PT. Isso é apenas um fato. A tática é quase infantil, mas dá certo, como se nota.
FHC endossa a inverdade e segue adiante com esta formulação que dá pano pra manga: “Em termos de comportamento e de valores morais, o PSDB tem que se manter progressista”. É mesmo? E em que o partido poderia ser, sei lá, “conservador”? Em economia?
O ex-presidente não se dá conta de que tenta a quadratura do círculo – ele e os tucanos todos. Foi Dilma quem primeiro levou a questão do aborto para a disputa em 2010. Foi Fernando Haddad quem primeiro levou a questão do kit gay para a eleição neste 2012. O ERRO DO PSDB, NOS DOIS CASOS, FOI TER FUGIDO DO DEBATE.
Questões chamadas nesta entrevista de “morais e religiosas” são tema de disputa eleitoral em todo o mundo democrático – ou será que minto, presidente? E jamais ocorreria a alguém tentar deslegitimá-las. Uma das perdições dos tucanos está, justamente, em tentar fazer um campeonato de “progressismo” com o PT.
O sr. tem dito que o PSDB tem que se aproximar mais “do povo”. Como fará isso?
Os partidos, por causa de uma mudança tão rápida no Brasil, ainda continuam com uma visão de sociedade anterior à atual. A atual é essa do UOL, da pessoa que fica aí navegando o tempo todo, que tem informação fragmentada. Minha tese é a seguinte: é preciso ouvir. Não é pregar. É ouvir. É reconectar com o que está acontecendo com o país.
Não entendi nada! Na entrevista, o ex-presidente cita até a novela Avenida Brasil, a tal nova classe média, o Elio Gaspari, o andar de baixo, o andar de cima… Fiquei com a impressão de que o ex-presidente está tateando a escuridão.
(…)
Como é a capacidade gerencial do atual governo?
Alguém me perguntou a respeito de o PIB ter crescido pouco: ‘Isso quer dizer que a presidente Dilma é má administradora?’. Não. O PIB cresceu pouco por mil razões. O erro, que eu acho que houve, é que o governo se colou ao PIB. Não precisava. Não acho que se deva colar na presidente Dilma [a queda do PIB]. Ela é que pode se colar nisso. Aí fica mal para ela.
Como se cantaria em Avenida Brasil, “Oi, oi, oi…” Se vocês notarem bem, FHC fala como conselheiro de Dilma, não como representante da oposição. Nem mesmo admite que ela é uma má administradora. Bem, se não é, então tudo bem! Trocar pra quê? Na sequência, o entrevistador indaga se a crítica à incompetência gerencial do governo é um bom discurso para a oposição. FHC responde: “A governança está falha. Mas campanha é outra coisa. Isso [falar da governança] pega quem? Por enquanto, não pega o povo.”
(…)
Os partidos, por causa de uma mudança tão rápida no Brasil, ainda continuam com uma visão de sociedade anterior à atual. A atual é essa do UOL, da pessoa que fica aí navegando o tempo todo, que tem informação fragmentada. Minha tese é a seguinte: é preciso ouvir. Não é pregar. É ouvir. É reconectar com o que está acontecendo com o país.
Não entendi nada! Na entrevista, o ex-presidente cita até a novela Avenida Brasil, a tal nova classe média, o Elio Gaspari, o andar de baixo, o andar de cima… Fiquei com a impressão de que o ex-presidente está tateando a escuridão.
(…)
Como é a capacidade gerencial do atual governo?
Alguém me perguntou a respeito de o PIB ter crescido pouco: ‘Isso quer dizer que a presidente Dilma é má administradora?’. Não. O PIB cresceu pouco por mil razões. O erro, que eu acho que houve, é que o governo se colou ao PIB. Não precisava. Não acho que se deva colar na presidente Dilma [a queda do PIB]. Ela é que pode se colar nisso. Aí fica mal para ela.
Como se cantaria em Avenida Brasil, “Oi, oi, oi…” Se vocês notarem bem, FHC fala como conselheiro de Dilma, não como representante da oposição. Nem mesmo admite que ela é uma má administradora. Bem, se não é, então tudo bem! Trocar pra quê? Na sequência, o entrevistador indaga se a crítica à incompetência gerencial do governo é um bom discurso para a oposição. FHC responde: “A governança está falha. Mas campanha é outra coisa. Isso [falar da governança] pega quem? Por enquanto, não pega o povo.”
(…)
O
sr. conviveu com alguns dos réus que foram condenados no mensalão. José
Genoino, José Dirceu. O que o sr. achou dessas condenações?
Eles não foram condenados pelo que eles são. Mas pelo que eles fizeram. Uma coisa é você ser um bom homem. De repente, eu fico com raiva, dei um tiro e matei alguém. O que eu vou fazer? Vou para a cadeia.
Nunca vi nada do Genoino. É uma pessoa bastante razoável. O José Dirceu é um quadro. Eu respeito as pessoas que têm qualidade de quadro. Acho um episódio triste. Porque essa gente ajudou muito o Brasil no passado.
Taí! Dirceu estava esculhambando FHC ontem em seu site, mandando, na prática, o tucano ficar calado. Notem: nessa resposta e naquela sobre costumes e religião, quem fala é sociólogo que já foi de esquerda e que, em muitos aspectos, continua a sê-lo, ainda que os anos de governo o tenham empurrado para o pragmatismo. Dirceu e Genoino movem campanhas públicas contra o STF, como todo mundo sabe. O que quer dizer o trecho “José Dirceu é um quadro, e eu respeito pessoas que têm qualidades de quadro?” É próprio de um quadro se reunir com autoridades do governo em quartos de hotel? É próprio de um quadro articular uma CPI para perseguir jornalistas e o procurador-geral da República?
Eles não foram condenados pelo que eles são. Mas pelo que eles fizeram. Uma coisa é você ser um bom homem. De repente, eu fico com raiva, dei um tiro e matei alguém. O que eu vou fazer? Vou para a cadeia.
Nunca vi nada do Genoino. É uma pessoa bastante razoável. O José Dirceu é um quadro. Eu respeito as pessoas que têm qualidade de quadro. Acho um episódio triste. Porque essa gente ajudou muito o Brasil no passado.
Taí! Dirceu estava esculhambando FHC ontem em seu site, mandando, na prática, o tucano ficar calado. Notem: nessa resposta e naquela sobre costumes e religião, quem fala é sociólogo que já foi de esquerda e que, em muitos aspectos, continua a sê-lo, ainda que os anos de governo o tenham empurrado para o pragmatismo. Dirceu e Genoino movem campanhas públicas contra o STF, como todo mundo sabe. O que quer dizer o trecho “José Dirceu é um quadro, e eu respeito pessoas que têm qualidades de quadro?” É próprio de um quadro se reunir com autoridades do governo em quartos de hotel? É próprio de um quadro articular uma CPI para perseguir jornalistas e o procurador-geral da República?
O PSDB está com o discurso afinado para 2014?
Não. Falta o que na esquerda costuma-se dizer “fazer a autocrítica”.
Não. Falta o que na esquerda costuma-se dizer “fazer a autocrítica”.
Katita, boa hora para o FHC criar polemica. Era tudo que a quadrilha petista queria: A imprensa já tirou o foco da roubalheira da amante de Lula e virou-se contra os besteiras do PSDB! Este pessoal não tem marqueteiro para orientá-los?
ResponderExcluirO PSDB tá precisando de um choque de realidade. Gosto muito de FHC pelo que ele representou nos anos de mandato, mas sinto em suas palavras a atitude típica de seu partido; o comodismo conveniente.
ResponderExcluir